O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na última terça-feira (03), durante um evento de oficialização do apoio do partido Solidariedade à sua candidatura à Presidência da República. Na ocasião, o petista alegou que “tem uma juventude enorme que, por falta de perspectiva, às vezes é presa roubando um celular”.
A declaração de Lula, que soa como uma minimização do crime de roubo de celulares no país, surge poucos dias após o jovem Renan Silva Loureiro, de 20 anos, ter sido covardemente assassinado no último dia 25, no Jabaquara, São Paulo, justamente durante um roubo de celular.
O vídeo do assalto onde Renan aparece ajoelhado, recebendo vários tiros, viralizou nas redes sociais e comoveu o país. “Ele já desceu já anunciando o assalto, apontando a arma para a gente”, disse a namorada do rapaz, que estava no local e foi defendida pelo namorado na hora do assalto.
“Aí o Renan pediu para eu correr só que não tinha como. Não tinha por que eu deixá-lo sozinho naquela situação. Eu também não pensei que fosse acontecer o pior. Eu achei que o cara só fosse levar os nossos celulares e depois iria embora”, contou a jovem ao Fantástico.
“Ele veio até mim, já apontando a arma diretamente para mim e falando que se eu não fosse passar o celular. Ele queria começar atirar, então eu já estava com a mão no bolso para poder entregar meu celular para ele”, relatou a namorada, que não quis se identificar.
Renan foi morto por Axcel Gabriel de Holanda Peres, de 23 anos, que já foi preso. O falso entregador já tinha nada menos do que dez passagens pela Polícia. Ele deu quatro tiros em Renan, que morreu no local. O pai do jovem entrou em desespero ao ver o corpo do filho estendido no chão.
Não é a primeira vez em que Lula passa uma impressão polêmica sobre roubos de celulares no Brasil. Em um discurso feito por ele em 9 de novembro de 2019 no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Paulo, o petista também minimizou esse tipo de crime.
“Eu não posso mais ver jovem de 14, 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia, às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular”, disse ele na ocasião.
Segundo um levantamento exclusivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, feito a pedido do Fantástico, só no primeiro bimestre desse ano de 2022, mais de 17 mil celulares foram roubados na capital paulista, o que significa um a cada cinco minutos. Assista: