O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a remoção de 31 publicações realizadas pela empresa de jornalismo Gazeta do Povo que ligam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, acusado de fechar igrejas cristãs e perseguir líderes religiosos em seu país.
A decisão da corte foi tomada pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, que atendeu a um pedido da coligação de Lula, a qual argumentou que o conteúdo das publicações constituem “reiterada campanha difamatória”. O petista disputará o segundo turno das eleições para a Presidência da República contra Jair Messias Bolsonaro (PL).
Ainda de acordo com a coligação, as publicações da Gazeta do Povo teriam por objetivo “incutir no eleitor a ideia de que ele persegue e ameaça cristãos, assim como seu aliado e amigo”. O ministro, por sua vez, afirmou que as reportagens da mídia de jornalismo teriam “conteúdos manifestamente inverídicos”.
Para Sanseverino, os posts da Gazeta que ligam o líder petista brasileiro a Ortega propagam “a desinformação de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de igrejas, perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da Nicarágua”.
Em nova reportagem, a própria Gazeta do Povo classificou a decisão do TSE como “censura”. A diretora da empresa, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, também emitiu uma nota onde afirma que decisões como essa são tomadas apenas em “ditaduras”.
“Derrubar conteúdos verdadeiros, e perfeitamente verificáveis, é prática de ditaduras”, diz a nota da Gazeta do Povo. “A decisão, no entanto, reacende a nossa vontade de continuar lutando para que a liberdade de expressão seja totalmente reestabelecida no Brasil, pois, infelizmente, não somos um caso único e inédito.”
“Hoje vemos crescer cada vez mais a interferência do Judiciário contra a liberdade de imprensa. Vamos lutar contra a decisão arbitrária nas esferas cabíveis”, completa o texto divulgado por Filizola.