O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem acompanhado de perto os desdobramentos da proposta de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro na Câmara dos Deputados. A informação foi confirmada pelo deputado federal Sanderson (PL-RS), que mantém contato regular com o líder político.
De acordo com o parlamentar, Bolsonaro assistiu pela televisão à votação que concedeu urgência à tramitação do projeto de anistia, uma vez que permanece sem acesso às redes sociais.
“O Bolsonaro ficou contente com o quórum de aprovação”, relatou Sanderson à revista Oeste. “Ele acreditava que passaria, mas não com tantos votos. Ficou surpreso e satisfeito em ver que 311 parlamentares reconheceram que há uma injustiça.”
Segundo o relato do deputado, o ex-presidente classificou a decisão como um marco positivo. Bolsonaro teria dito: “Em 17 anos, a primeira notícia boa foi essa vitória expressiva no plenário, porque em quatro anos na Presidência só apanhei e depois só sofri perseguição”.
Sanderson afirmou que Bolsonaro considera “fundamental” que o projeto de anistia seja amplo, abrangendo não apenas sua situação, mas a de todos os acusados. “Ele quer anistia para ele e para todos os injustiçados”, frisou o deputado.
“Seria até antinatural que dissesse: ‘Todos merecem anistia, menos eu’. Isso equivaleria a assumir culpa. Ele tem a convicção de que não cometeu crime algum. Ele foi condenado sem provas materiais.”
Sobre a estratégia legislativa, Sanderson, que é vice-líder da oposição, adiantou que caso o relatório do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) não preveja uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, a oposição apresentará um substitutivo.
“Se o relator vier com um projeto que trate apenas de redução de pena, será rejeitado”, declarou. “Redução de pena não é anistia. Já temos o relatório do deputado Rodrigo Valadares (União-SE), que atende à expectativa e pode ser usado como substitutivo. Essa será a estratégia.”