O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, confirmou nesta terça-feira, em Nova York, que a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está prevista para ocorrer na próxima semana, provavelmente de forma remota. A informação foi divulgada durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional.
De acordo com Vieira, o encontro foi solicitado pelo presidente Lula durante um breve contato pessoal entre os dois mandatários, nos bastidores da Assembleia-Geral das Nações Unidas.
“Eles nunca haviam se encontrado. Hoje, tiveram a oportunidade de apertarem as mãos e trocarem umas poucas palavras por 15 ou 20 segundos. O presidente Lula estava deixando o palco e encontrou o presidente Trump nos bastidores. O presidente Lula sugeriu que eles deveriam se encontrar e conversar, e o presidente Trump concordou”, relatou o ministro.
Vieira explicou que a agenda apertada dos dois líderes deve levar à realização de uma videoconferência ou telefonema. “Espero que os presidentes possam conversar. O presidente Lula está sempre pronto para conversar com qualquer chefe de Estado que seja do interesse do Brasil. Neste caso, isso pode acontecer de forma remota, pois ambos têm compromissos importantes.”
Posição do Brasil sobre Negociações
Ao detalhar a postura do governo brasileiro, o chanceler enfatizou a disposição para o diálogo, mas estabeleceu limites claros.
“O Brasil é um país de negociação e sempre está disposto a dialogar. Temos altos oficiais do governo envolvidos nesse processo”, afirmou Vieira.
“A questão política é inegociável, não há espaço para isso. Mas estamos prontos para negociar a questão das tarifas. Embora as consideremos ilegais, fora da estrutura dos acordos da OMC, estamos prontos para discuti-las. A única coisa que não podemos discutir é a soberania nacional e a separação entre os Poderes da República”, reiterou.
A declaração do chanceler refere-se às tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros, anunciadas na semana passada. O governo brasileiro contesta a legalidade das medidas perante a Organização Mundial do Comércio.