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      Ovos, café e carnes: preço da comida no governo Lula afeta a mesa dos mais pobres

      A professora de economia Cristina Helena de Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), alerta para os efeitos globais do surto de gripe aviária que atingiu os Estados Unidos (EUA) no início de 2024.

      A doença, que afetou granjas em diversos estados norte-americanos, provocou um desabastecimento significativo de ovos no país, levando a um aumento expressivo nos preços internacionais do produto. Nos EUA, uma dúzia de ovos chegou a custar o equivalente a mais de R$ 60, valor que reflete a escassez e a alta demanda.

      Segundo Mello, o cenário nos mercados norte-americanos tornou a exportação de ovos mais vantajosa do que a venda no mercado interno. “A combinação da valorização do dólar e da demanda crescente dos EUA fez com que muitos produtores priorizassem a exportação”, explicou a economista. Esse movimento foi impulsionado pela necessidade de suprir a falta de ovos no mercado americano, que tradicionalmente é um dos maiores consumidores globais do produto.

      Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) revelam que o Brasil exportou 18,4 mil toneladas de ovos em 2024, com os EUA respondendo por 220 toneladas apenas em janeiro — um aumento de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do crescimento nas exportações, a ABPA ressalta que o volume vendido ao exterior representa menos de 1% da produção nacional, estimada em 59 bilhões de ovos para este ano. Portanto, o impacto sobre a oferta interna é considerado “nulo”.

      Fatores que pressionam os preços

      Além da influência internacional, o aumento nos preços dos ovos no Brasil é atribuído a três fatores principais, conforme destacado pela ABPA:

      Demanda sazonal: Durante a quaresma, período que antecede a Páscoa, é comum que haja uma substituição no consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas, como ovos e peixes. Esse movimento tradicional eleva a demanda e, consequentemente, os preços.

      Custos de produção: Nos últimos oito meses, os produtores enfrentaram aumentos significativos nos custos de insumos. O preço do milho, principal componente da ração das aves, subiu 30%, enquanto as despesas com embalagens mais que dobraram, registrando alta de mais de 100%.

      Impacto do clima: As altas temperaturas recordes registradas no verão de 2024 afetaram diretamente a produtividade das aves. O calor excessivo reduz a postura de ovos, agravando a oferta disponível no mercado.

      A ABPA classificou a alta nos preços como uma “situação sazonal”, comum no período da quaresma, e previu que o mercado deve se normalizar até o final de abril, com o restabelecimento dos patamares de consumo. No entanto, a professora Cristina Helena de Mello tem uma visão mais cautelosa. Para ela, as condições que levaram ao aumento dos preços — como a alta dos custos de produção e a demanda internacional — ainda não apresentam sinais de mudança. “Dificilmente veremos uma queda significativa no preço dos ovos no curto prazo”, afirmou.

      Possível alívio

      Apesar do cenário desafiador, Mello aponta que a redução no custo da energia elétrica pode trazer algum alívio aos produtores. Com a vigência da bandeira tarifária verde (sem taxas extras) e o “Bônus de Itaipu” — crédito repassado às contas de luz —, os gastos com energia, um dos principais componentes dos custos de produção, tendem a diminuir. “Essa redução pode ajudar a frear o crescimento dos preços, mas não será suficiente para revertê-lo”, ponderou a economista.

      Enquanto o mercado aguarda uma estabilização, os consumidores brasileiros continuam enfrentando preços elevados nas gôndolas dos supermercados. A situação ilustra como eventos globais, como surtos de doenças em cadeias produtivas, podem ter reflexos diretos no dia a dia das famílias, mesmo em países distantes do epicentro do problema.

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