Uma declaração recente do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, causou indignação entre representantes do mundo evangélico. Isso, porque, durante uma entrevista para a GloboNews, o magistrado afirmou existir uma suposta “rede evangélica” ligada ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
“Recentemente, o ministro Luís Roberto Barroso presidiu uma reunião extremamente técnica sobre essa questão [do poder do crime organizado], e um dos oradores falou de algo que é raro de se ouvir: uma narcomilícia evangélica, que aparentemente se dá no Rio de Janeiro, onde, portanto, haveria hoje já um acordo entre narcotraficantes, milicianos e pertencentes ou integrados a uma rede evangélica”, comentou Gilmar.
Não demorou muito para que lideranças do segmento se pronunciassem. Ex-candidata a deputada federal pelo Paraná e presidente do Movimento Maconha Não, a psicóloga e escritora Marisa Lobo, conhecida no país por atuar nas igrejas em defesa das pautas conservadoras, classificou a fala do magistrado como uma “aberração intelectual”.
“Qualquer pessoa minimamente equilibrada e intelectualmente honesta sabe que não existe evangélico traficante, ou traficante evangélico, pois ambas as coisas são, por definição, incompatíveis. O que pode existir, isto sim, é criminoso tentando fingir ser o que não é”, disparou a psicóloga em um artigo publicado no Pleno News.
Para a escritora, o evangélico verdadeiro não se mantem no mundo do crime, muito embora possa ter saído dele. Desse modo, falar em “narcomilícia evangélica” é um erro por definição. Marisa lembrou ainda que as igrejas evangélicas, ao contrário de apoiar, tem combatido o tráfico, por exemplo, através de comunidades terapêuticas que acolhem dependentes químicos.
“É uma aberração intelectual associar o mundo evangélico ao narcotráfico. Ao reproduzir o que ouviu, sem fazer qualquer distinção entre criminosos por definição e evangélicos, de fato, Gilmar Mendes propaga informação abjeta”, continua a psicóloga.
“Famílias inteiras são restauradas e vidas outrora arruinadas são transformadas, graças ao trabalho voluntário de milhões de evangélicos dentro e fora do Brasil. Esta, sim, é a única relação que há entre a Igreja e a criminalidade: a de ser luz em meio às trevas!”, conclui Marisa.
