O ex-coordenador nacional da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, que também se legeu deputado federal pelo Paraná este ano, reagiu a uma fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante discurso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.
Na ocasião, o petista insinuou que as condenações por corrupção e lavagem de dinheiro que recaíram sobre ele, sendo anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, foram resultantes de algo errado por parte do ex-juiz Sérgio Moro e de Dallagnol, e não das ilegalidades atribuídas a ele.
“Eu não tive que provar minha inocência – eu tive de provar a culpa de quem me acusou. Eu tive de provar a culpa do [Sergio] Moro, eu tive de provar a culpa do Dallagnol. E graças a Deus pudemos provar”, afirmou Lula.
Por meio das redes sociais, Dallagnol, por sua vez, rebateu o petista, lembrando que as suas condenações não foram frutos apenas de um juiz ou procurador, mas de vários, o que dissipa a narrativa da sua defesa de que Lula teria sido vítima de perseguição política por parte da Lava Jato.
“Só tem um problema, Lula: você foi condenado por dez juízes, não foi só o Moro. Você foi acusado por mais de 20 procuradores da República de todo o Brasil, não fui só eu. Você não teve que provar sua inocência porque nunca conseguiu: na Lava Jato, você foi condenado todas as vezes em que as provas foram analisadas e o mérito foi julgado”, afirmou Dallagnol.
“As condenações foram confirmadas e aumentadas em instâncias superiores, por unanimidade. A única coisa que Lula provou foi que a regra vigente no Brasil é a da impunidade”, completou o deputado federal eleito.
Vale ressaltar, também, que o ex-ministro do STF, aposentado em 2021, Marco Aurélio Mello, negou que Lula tivesse sido inocentado pela corte, como alega o petista. Em uma entrevista recente ao Jornal da Band, ele afirmou que “o Supremo não o inocentou (Lula). O Supremo aceitou a nulidade do processo crime”, o que é diferente de declará-lo inocente.
A fala do ex-ministro, contudo, chegou a ser censurada por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao ser usada numa propaganda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL). A mesma corte, inclusive, chegou a determinar que a rede Jovem Pan veiculasse um direito de resposta para a campanha de Lula, onde afirma-se que o petista foi inocentado.