O comandante do Exército, general Tomás Paiva, reafirmou, durante a cerimônia do Dia do Soldado, os princípios de coesão, imparcialidade e compromisso com a pátria como fundamentos da Força. O evento ocorreu na manhã desta quinta-feira, 21 de agosto, em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Em seu discurso, o general tomou como base a figura do patrono da Força, Duque de Caxias, referindo-se a ele como o “Pacificador”. Paiva citou as próprias palavras de Caxias para embasar sua fala: “‘Minha espada não tem partido’, nos ensinando que a verdadeira força reside na fé, na coesão, na disciplina e no compromisso inabalável com o bem comum e a união nacional”.
O comandante destacou a conduta de Caxias ao lidar com conflitos internos, afirmando que o patrono “debelou revoltas sem triunfalismos, respeitou os vencidos como irmãos e tratou a todos, aliados e adversários, com dignidade e humanidade”.
Paiva acrescentou que “a verdadeira bravura do soldado é nobre, generosa e respeitadora dos princípios da humanidade”, repetindo trecho de uma ordem do dia escrita por Caxias no século XIX.
A cerimônia contou com a presença de autoridades civis, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta, e o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.
O discurso do Dia do Soldado é um evento tradicional no calendário do Exército, sempre focado nos ideais de pacificação e unidade nacional associados a Duque de Caxias. Analistas que cobrem o setor de defesa observam que os comandantes utilizam a ocasião para transmitir mensagens sobre a leitura que a cúpula da Força faz do momento político nacional.
Este ano, a fala do general Tomás Paiva ocorre em um contexto de tensões políticas amplificadas pelo julgamento de ações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e por discussões sobre anistia aos envolvidos nos episódios de 8 de janeiro de 2023.
Paralelamente, o Alto Comando do Exército tem promovido ajustes internos, com foco na revisão de doutrinas e na ênfase na ética profissional. Uma das medidas recentes incluiu a introdução de disciplinas específicas sobre liderança e ética militar no curso de formação de operações especiais.
O general finalizou sua alocução definindo o perfil do soldado ideal: “Vive uma vida modesta, espartana e sem ambições, tendo a abnegação e o desprendimento como companhia. Seu farol é a lei e a ética”.