A situação dos argentinos chegou a níveis absurdos, caracterizando o que muitos estão chamando de “venezualização” do país. Isso, porque, com a inflação ultrapassando a casa dos 100%, a população passou a recorrer aos lixões para tentar sobreviver, segundo informações da agência de notícias Reuters publicadas hoje.
Além dos lixões, os argentinos também estão fazendo fila para trocar pertences em clubes de troca. O país deve registrar o maior aumento nos preços este ano, desde um período de hiperinflação por volta de 1990, informou a Agência Brasil.
“Minha renda não é mais suficiente”, disse um argentino chamado Sergio Omar, explicando os efeitos desastrosos de uma hiperinflação. Na prática, isso faz com que a renda dos cidadãos valha muito pouco, ou mesmo nada, diante da alta absurdas dos produtos, como os de alimentação.
Por exemplo: Omar afirmou que os custos dos alimentos aumentaram tanto nos últimos meses que ficou difícil alimentar sua família de cinco filhos, já que a sua renda de até então se tornou insuficiente. Agora ele passa 12 horas por dia catando recicláveis para conseguir obter recursos.
Ele disse que um número crescente de trabalhadores informais vai ao depósito de lixo para encontrar qualquer item que possa vender na luta pela sobrevivência. “O dobro de pessoas está vindo aqui porque há muita crise”, disse ele, explicando que pode ganhar entre 2 mil e 6 mil pesos (US$ 13 a US$ 40) por dia vendendo lixo reciclável.
Na Argentina de hoje, os preços estão subindo no ritmo mais rápido desde a década de 90, com os problemas causados pela impressão de dinheiro e ciclos viciosos de aumento de preços por empresas, agravados por aumentos globais nos custos de fertilizantes para agricultura e importação de gás.
A inflação deve subir 6,7% apenas em setembro, disseram analistas consultados pela Reuters, antes dos dados oficiais que devem ser divulgados nesta sexta-feira. Isso levou o Banco Central a elevar a taxa de juros para 75%, com a possibilidade de outras altas.
Os clubes de troca não são divertidos. Muito pelo contrário, são meios de sobrevivência que refletem o sofrimento dos argentinos sob o atual governo esquerdista de Alberto Fernández. A crise econômica no país, contudo, não é novidade e também existiu no passado.
Em 2001, por exemplo, durante uma das piores crises econômicas da Argentina, Sandra Contreras criou o Lujan Barter Club. Com a crise econômica atual, a entidade vem crescendo com força, pois os argentinos, incapazes de acompanhar os preços, procuram trocar itens como roupas velhas por um saco de farinha ou macarrão.
“As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse Contreras, acrescentando que elas começam a fazer fila duas horas antes da abertura do clube de trocas, todas as manhãs.