Em reunião realizada nesta terça-feira (15) em Washington, autoridades do Departamento de Estado norte-americano solicitaram detalhes sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, com ênfase especial na atuação do ministro Alexandre de Moraes. O encontro contou com a presença do jornalista Paulo Figueiredo e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Segundo Figueiredo, os representantes dos EUA demonstraram preocupação com a postura do Brasil na crise comercial deflagrada pelo aumento de tarifas (“tarifaço”) imposto durante o governo Trump, indicando que o país estaria intensificando (“dobrando a aposta”) sua reação em vez de buscar uma desescalada.
Os norte-americanos teriam destacado a necessidade de aplicar sanções contra Moraes, possivelmente através da “Lei Magnitsky” (que permite punições a estrangeiros por corrupção ou violações de direitos humanos), antes do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes é relator do processo que investiga o ex-presidente por suposta tentativa de golpe, no qual a PGR pediu mais de 40 anos de prisão.
Figueiredo relatou que as autoridades fizeram questionamentos minuciosos sobre a conduta individual de cada ministro do STF. Paralelamente, Eduardo Bolsonaro, crítico ferrenho de Moraes devido ao processo envolvendo seu pai, postou fotos em frente ao Departamento de Estado, declarando que buscavam “beber na fonte da constituição do país referência em democracia e liberdade”, insinuando uma suposta ruptura constitucional no Brasil.
O governo brasileiro, por sua vez, adotou um tom mais ofensivo, rechaçando o que classifica como interferência dos EUA em assuntos internos e defendendo sua soberania.
A postura ocorre em um momento de crescente tensão bilateral. No mesmo dia da reunião, o governo norte-americano anunciou a abertura de um procedimento investigativo contra o Brasil, indo além da questão tarifária para apurar supostas práticas comerciais desleais e de pirataria prejudiciais aos Estados Unidos.
A investigação se soma às críticas públicas feitas anteriormente por Donald Trump sobre o Judiciário brasileiro e alegações contestadas sobre a balança comercial.