Dados internos da Marinha do Brasil obtidos pela Revista Sociedade Militar apontam um aumento significativo no número de militares que manifestaram intenção de deixar a Força ou prestar concursos públicos para outras instituições em 2025.
Até julho de 2024, 642 militares já haviam formalizado pedidos de desligamento. Desse total, 308 pertenciam à Armada e 334 ao Corpo de Fuzileiros Navais. O dado mais expressivo, no entanto, refere-se àqueles que declararam pretender realizar concursos públicos externos no próximo ano: 1.562 militares da Armada e 1.506 Fuzileiros Navais, somando 3.068 profissionais.
Projeções baseadas no fluxo dos primeiros sete meses do ano indicam que o número total de militares buscando concursos públicos pode chegar a aproximadamente 6.000 até dezembro, abrangendo tanto praças quanto oficiais.
O fenômeno atinge principalmente militares mais jovens, integrantes da Geração Z (nascidos a partir de 1996), que ocupam postos subalternos como marinheiros, cabos, sargentos e tenentes. Um dado que chamou a atenção interna foi a manifestação de oito oficiais superiores, incluindo Capitães de Mar e Guerra – último degrau da carreira regular –, sobre a intenção de prestar concursos em 2025.
Segundo as justificativas apresentadas nos processos administrativos, os motivos para o desligamento ou busca por outras carreiras incluem a rotina considerada excessivamente árdua, a dificuldade de conciliar a vida militar com o convívio familiar, questões salariais e obstáculos na progressão da carreira.
Especialistas em defesa avaliam que uma evasão nesta escala, se confirmada, pode representar um desafio significativo para a manutenção operacional da Força a médio e longo prazos, principalmente em especialidades críticas que demandam treinamento prolongado e experiência.