Após as eleições de 2022, que resultaram na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seguidores do então presidente Jair Bolsonaro (PL) realizaram protestos questionando a segurança das urnas eletrônicas. Em 8 de janeiro de 2023, parte desses manifestantes invadiu e depredou sedes dos Três Poderes em Brasília, resultando em uma série de processos que transitam até hoje, considerados pela oposição como perseguição.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob comando de Augusto Aras (nomeado por Bolsonaro), iniciou investigações que culminaram na denúncia, em fevereiro de 2024, contra o ex-presidente e outros sete acusados por “tentativa de golpe de Estado” e “associação criminosa”. A tese da PGR sustenta que o grupo agiu para “subverter a ordem democrática”.
O Fato Central:
Nesta segunda-feira, 9 de junho de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início aos interrogatórios dos réus, seguindo cronograma estabelecido pelo ministro relator Alexandre de Moraes. As oitivas ocorrerão ao longo da semana, com transmissão ao vivo pela TV Justiça.
Sequência dos Depoimentos e Estratégias:
Marcos Cid Ferreira (ex-assessor da Secom/PR): Primeiro a depor (9/6), em razão de ter firmado acordo de delação premiada com a PGR. Em documentos, Cid afirmou que “houve discussões sobre medidas de reação após as eleições”.
Ordem Alfabética: Após Cid, os demais réus serão ouvidos conforme lista divulgada:
Alexandre Ramagem (ex-comandante da ABIN, 10/6)
Almir Garnier Santos (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, 10/6)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça, 11/6)
Augusto Heleno (ex-chefe do GSI, 12/6)
Jair Bolsonaro (ex-presidente, 12/6 – previsão)
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa, 13/6)
Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa/Casa Civil, 13/6 por videoconferência, por estar preso desde 2024).
Logística e Critérios:
O ministro Moraes determinou sessões diárias, com horários variados (9h ou 14h), e limitou as intervenções de advogados. Braga Netto deporá da Penitenciária da Papuda, onde cumpre pena por suposta “omissão” nos atos de 8/1.
A defesa de Bolsonaro, liderada pelo advogado Paulo Bueno, já declarou: “O ex-presidente reafirmará que nunca incitou violência ou atentado contra as instituições. As acusações são fruto de interpretação política dos fatos”.
Perspectiva Conservadora:
Setores alinhados à direita questionam a narrativa de “golpe”. Para juristas como Ives Gandra Martins, “o processo mistura condutas individuais de vândalos com supostas intenções de autoridades, sem provas materiais robustas de um plano organizado”. Críticos apontam ainda que:
O cronograma acelerado (5 dias para 8 depoimentos) pode comprometer o direito à ampla defesa;
A centralização do caso sob Moraes gera controvérsias sobre imparcialidade;
A PGR baseia-se majoritariamente em mensagens e reuniões sem registro formal.
Após os interrogatórios, o STF analisará provas documentais e testemunhais. A sentença é esperada para o final de 2025. Enquanto isso, o caso segue dividindo opiniões: para a esquerda, é “defesa da democracia”; para a direita, “instrumentalização do Judiciário para criminalizar opositores”.
Como assistir aos depoimentos? As oitivas serão transmitidas pela TV Justiça (inclusive, nos canais do PT). Abaixo você tem a transmissão ao vivo do canal: