Desde 2022, o Brasil enfrenta um cenário político polarizado, marcado por críticas de setores conservadores ao STF e ao sistema de Justiça. Após os episódios de 8 de janeiro de 2023 em Brasília — quando grupos invadiram prédios públicos —, centenas de manifestantes foram alvo de processos judiciais.
Defensores da direita classificam as ações como “perseguição política”, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro tornou-se símbolo da resistência contra o que seus apoiadores chamam de “judicialização da política”.
Os Fatos:
Em 17 de junho de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou nova manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, marcada para 29 de junho às 14h. O anúncio foi feito através de vídeo divulgado pelo pastor Silas Malafaia, aliado histórico do bolsonarismo.
Na mensagem, Bolsonaro declarou: “A luta continua por democracia, por liberdade, por justiça. Compareça”. A convocação reforça sua atuação pós-governo, centrada em denunciar o que considera “abuso de autoridade” do STF.
A convocação anterior, também intermediada por Malafaia em 6 de abril de 2025, reuniu 44,9 mil pessoas segundo levantamento do Monitor do Debate Político (parceria entre CEBRAP e ONG More in Common). O cálculo usou fotos aéreas e software de inteligência artificial no pico do evento (15h44). O ato defendia a anistia aos acusados pelos eventos de 8 de janeiro, tema que mobiliza a base conservadora.
Crítica ao STF
No discurso de abril, Bolsonaro destacou um episódio emblemático: a condenação de dois trabalhadores informais (um vendedor de pipoca e outro de sorvetes) acusados de “tentativa de golpe de Estado”. De cima do carro de som, o ex-presidente dirigiu-se à comunidade internacional em inglês: “Popcorn and ice cream seller sentenced for a coup d’état in Brazil”.
E completou em português: “Sorveteiro e pipoqueiro dando golpe de Estado no Brasil, é uma vergonha”. A fala sintetiza a crítica central do movimento: a criminalização excessiva de manifestantes.
Análise política:
A nova mobilização ocorre em um contexto de pressão sobre o Ministério Público e o STF para revisar processos relacionados a 8 de janeiro. Para think tanks conservadores como o Instituto Millenium, as condenações amplas representam “violação ao direito de protesto pacífico”.
Juristas alinhados à causa, como Ives Gandra Martins, já afirmaram: “Há distinção necessária entre atos violentos e participação legítima em manifestações”.
A convocatória de 29 de junho reforça a estratégia de Bolsonaro de manter pressão popular sobre as instituições. Como destacou o ex-presidente no encerramento do vídeo: “Tô chegando” — lema que sinaliza seu papel contínuo na defesa das bandeiras conservadoras.
Para seus apoiadores, cada ato na Paulista é um contraponto ao que enxergam como “narrativa seletiva” da mídia e do Judiciário contra as manifestações patrióticas. Assista: