O ex-desembargador Sebastião Coelho, aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), declarou nesta segunda-feira (26/02), durante entrevista ao programa Oeste com Elas, da Revista Oeste, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “não tem isenção e capacidade para exercer o cargo” na Corte.
Coelho, crítico histórico de Moraes, anunciou planos de concorrer a uma vaga no Senado pelo Distrito Federal com o objetivo de “pôr fim aos arbítrios” do STF, incluindo a promoção de impeachment contra magistrados que, segundo ele, violam o ordenamento jurídico.
“Se o Senado abrir amanhã um processo de impeachment, retirar Alexandre de Moraes e mais alguns, minha missão estará cumprida, vou ficar curtindo minha aposentadoria”, afirmou Coelho.
O ex-magistrado, que atuou como vice-presidente da Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) até 2021, criticou a postura de senadores que, eleitos com plataformas de direita, “não cumprem” as promessas relacionadas a “Deus, pátria, família e liberdade”. “Tal postura configura estelionato eleitoral”, acrescentou.
Coelho, que se filiará ao partido Novo no próximo dia 10 de junho, enfatizou que não busca poder pessoal. “Eu não estou atrás de cargo. Cargo por cargo, eu era desembargador”, declarou, lembrando que poderia ter permanecido por mais nove anos na função antes de se aposentar. Sua campanha focará em propostas para limitar o que classifica como “excessos” do STF, incluindo a revisão de decisões judiciais que considera “antidemocráticas”.
O ex-desembargador manifestou otimismo em relação a mudanças no Senado a partir de 2027, ano em que o mandato de Moraes no STF se encerraria. “Infelizmente, temos visto pessoas que se elegeram com a bandeira de direita e não cumprem”, reiterou, sem citar nomes específicos.
Coelho atuou por mais de duas décadas no TJ-DF e integrou a Corregedoria do TRE-DF entre 2017 e 2021, período em que analisou processos eleitorais. Sua entrada no Novo ocorre em um contexto de reconfiguração partidária no DF, onde a legenda busca ampliar representação. A última candidatura de um membro do partido ao Senado pelo Distrito Federal foi em 2018, sem sucesso.
O STF não se pronunciou sobre as declarações até o fechamento desta edição. A Corte enfrenta críticas recorrentes de setores conservadores, que acusam ministros de judicializar questões políticas. Em 2023, Moraes foi alvo de 11 pedidos de impeachment na Câmara, todos arquivados.