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Ministro do TSE que bloqueou monetização de canais da direita foi indicado por Lula

Ministro do TSE que bloqueou monetização de canais da direita foi indicado por Lula

Na última segunda-feira (16/08), uma decisão do ministro Luiz Felipe Salomão, corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pegou muitos apoiadores do governo de surpresa. Isso porque ele acatou um pedido da Polícia Federal, determinando a suspensão da monetização (remuneração) de vários canais acusados de propagar supostas “fake news”.

A polêmica decisão chamou atenção de muitos juristas e críticos do chamado “ativismo judicial”, primeiro pelo fato do TSE se tratar de uma corte que lida com processos eleitorais, ou seja, onde em tese apenas assuntos relacionados a candidaturas e a partidos são tratados.

Segundo, pelo fato de não existir tipificação penal específica relacionada a “fake news”, bem como não haver, também, nenhuma condenação das pessoas envolvidas no inquérito que apura o assunto. Por essa razão, críticos da decisão como o advogado Pierre Lourenço, diretor-jurídico do Instituto Nacional de Advocacia, falam que Salomão cometeu “censura prévia”.

Indicação feita por Lula

Outro ponto que passou a ser levantado nas mídias sociais entre os críticos da decisão está na indicação do ministro Salomão para o Superior Tribunal de Justiça, que ocorreu em 2008 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio do então governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), segundo informações da Folha de S. Paulo publicadas em 2017.

Em 2019, Salomão também aceitou um recurso especial em que o ex-presidente Lula pediu indenização por danos morais ao procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O motivo do pedido foi devido a uma apresentação em powerpoint em que o líder petista foi apontado como o personagem central em um esquema de corrupção na Petrobrás, segundo o Poder360.

Em 2011, Salomão também tomou uma decisão favorável a Lula, quando aumentou o valor de uma indenização por danos morais a ser paga pelo colunista Gilberto Luiz di Pierro à Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do ex-presidente.

Isso porque, notícias publicadas por Pierro foram consideradas de forte carga valorativa sobre Lurian, acarretando contra ele uma condenação inicial de R$ 10 mil por danos morais, segundo informações da JusBrasil. Todavia, a filha de Lula achou insuficiente o valor da indenização e interpôs recurso especial, o qual foi rejeitado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Diante da recusa, Lurian recorreu ao STJ e o ministro Luis Felipe Salomão levou em consideração alguns critérios para elevar a pena, como a reincidência do ofensor (notícias e comentário diversos veiculados no site), a extensão do dano e a posição profissional e social de Lurian, fixando o valor em R$ 100 mil.

Indicação é prerrogativa de função

A indicação de Salomão feita por Lula, assim como se mantém até hoje, foi prerrogativa de função do então presidente da República, o qual tinha o dever de fazer tais nomeações, podendo escolher seus indicados como já fez o atual presidente Jair Bolsonaro durante o seu mandato.

Com isso, decisões posteriores feitas por ministros que venham beneficiar ou desfavorecer o presidente da República durante ou após o seu mandato podem ocorrer naturalmente, não sendo necessariamente algo que possa ser caracterizado como parcial, intencional ou muito menos ilícito.

Todavia, devido ao atual contexto de polarização política e polêmicas envolvendo decisões recentes do Poder Judiciário contra apoiadores do governo, o histórico de Salomão como indicado de Lula passou a pesar nas críticas que circulam nas redes sociais contra a sua determinação de suspender a monetização de perfis bolsonaristas, o que poderá se acirrar ainda mais nos próximos dias.

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