Em discurso inflamado a aliados, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira que sua base política “mandará mais que o próprio Presidente da República” se conquistar maioria no Senado nas eleições de 2026.
A declaração, feita durante encontro do PL Mulher, ocorre apesar de sua inelegibilidade confirmada pelo TSE – fator que o leva a concentrar esforços na construção de uma bancada alinhada.
Estratégia
Bolsonaro revelou planos de indicar candidatos pessoais ao Senado para viabilizar pautas-chave do bolsonarismo. “Nós decidimos quem vai ser indicado ao Supremo. As agências só terão pessoas qualificadas”, declarou, acrescentando:
“Deus tem me mostrado caminhos para mudarmos o destino do Brasil” (14h30). Entre os objetivos declarados estão sabatinas rigorosas de indicados ao STF e eventuais pedidos de impeachment de ministros da corte.
Mais cedo, via redes sociais, Bolsonaro compartilhou pesquisa Quaest que aponta rejeição de 52% à reeleição de Lula. “As eleições estão nas mãos dos conservadores”, escreveu, projetando alianças com partidos de centro-direita para formar “ampla maioria na Câmara e mais de 40 senadores”.
Dados da Genial/Quaest (5/06) mostram Lula em empate técnico com Bolsonaro, Tarcísio Freitas, Michelle Bolsonaro e governadores como Ratinho Jr e Eduardo Leite em simulações de 2º turno.
Contexto analítico:
A postura reforça o papel de Bolsonaro como articulador da direita, mesmo inelegível. Juristas ouvidos pelo Estadão apontam riscos: “A estratégia depende de vitória no Senado, mas o sistema presidencialista concentra poderes no Executivo” (Prof. Marcos Coelho, FGV-Direito).
O ex-presidente busca capitalizar o desgaste petista – inflação acumulada de 8,3% em 12 meses (IPCA, maio/2025) e 8,1% de desemprego (IBGE) – para transformar o pleito legislativo em plebiscito contra o governo.